Hoje faz 6 anos da morte de uma leda da luta livre, Chris Benoit e muito mistério ainda envolve a morte dele, então me lembrei de um texto que li a muito tempo atrás no Blog Wrestling Noticias e resolvi postar ele aqui no blog, o texto esta no livro de Jericho, um grande amigo de Benoit. O texto é grande mas vale muito a pena ser lido!
Nos dois anos em que fiquei afastado do Wrestling, eu fiquei
literalmente afastado. Eu não via os "shows" nem lia os resultados da
internet. Tornei me num simples fã casual que prestava alguma atenção ao que se
passava e era apenas isto.
Era frequente
receber algumas chamadas telefónicas do Brian Gewirtz a perguntar-me se eu
poderia fazer algo aqui ou ali por um dia, sendo um dos pedidos mais famosos eu
ser o parceiro surpresa de John Cena num Raw em Meadowlands em New Jersey, mas
eu recusei delicadamente.
Ou estás dentro, ou
estás fora, e se não estás dentro tu deves estar fora (Hurricane) e eu não
queria ser daqueles tipos que iria aparecer de vez em quanto. Mas aos poucos
comecei a sentir o calor do wrestling a aquecer dentro de mim outra vez e posso
atribuir isso a dois factores.
O primeiro foi que
eu tinha acabado de escrever o meu livro (o aclamado internacionalmente A
Lion's Tale) e a experiência de reviver a minha carreira com tanto detalhe
fez-me aperceber da sorte que tinha por estar a viver o meu sonho e ter vivido
tantas aventuras tremendas pelo caminho. O livro também me fez lembrar que eu
era mesmo bom naquilo que fazia e comecei a pensar como seria voltar.
Como resultado, eu
comecei a dar sessões de autógrafos para ter uma sensação do que os fãs estavam
a pensar e se eles queriam que eu voltasse. Enquanto eu me divertia a fazer
isso também foi um bocado aborrecido. A gota de água foi quando eu dei uma
sessão em Long Island que teve tanta assistência como a que Randy the Ram fez
com o tipo que tinha uma bolsa de colostomia. Olhar em volta e ver os mais
velhos no negócio, com esperanças de uma derradeira oportunidade tocou-me por
dentro.
O que estava eu a
fazer aqui? Eu tinha trinta e seis anos, não cinquenta e seis e se eu queria
fazer algo relacionado com o wrestling, tinha de fazê-lo no topo.
O segundo factor, e
o mais importante foi quando assisti a Shawn Michaels e John Cena lutarem
durante uma hora num RAW, que foi uma grande demonstração da verdadeira arte
que é desporto, um desporto do qual fiz parte e queria voltar a fazer.
O combate
excitou-me, intrigou-me e sejamos francos, chateou-me. Após ter tido grandes
combates com ambos no passado eu fiquei com inveja de não estar envolvido e
assisti-lo pôs me impaciente.
Quando acabou eu
sabia que era a altura de voltar, era a altura de Jericho voltar á WWE.
Mas houve outro
factor que cimentou a minha decisão de voltar. Se Cena e Michaels tinham me
mostrado o melhor do wrestling, o homem que considerava o meu melhor amigo
neste negócio estava prestes a mostrar o pior, quase destruindo a totalidade da
indústria ao mesmo tempo.
Eu já não via o
Chris Benoit desde o dia do funeral do Eddie. Ele tinha ficado devastado, e
apesar de termos prometido um ao outro mantermo-nos em contacto, isso
tornar-se-ia difícil devido ao facto do Chris nessa altura ter desaparecido do
mapa por várias semanas.
Eu chamava-lhe
“monstro do Loch Ness” pelo facto de ele apenas aparecer por um curto período
de tempo, e depois desaparecer pouco depois e ser impossível de encontrar. Às
vezes perdia por pouco a chamada dele e quando lhe ligava ele não atendia e não
sabia nada dele por várias semanas.
Mas por mais duro
que fosse atender o telefone, ele respondia-me sempre aos emails e às cartas.
Então este tornou-se o nosso meio de comunicação para manter contacto,
mantermos a par uns dos outros, e mandar um ao outro fotos dos nossos filhos.
Chris estava sempre interessado em saber como iam os meus filhos e perguntava
por eles frequentemente.
Ele adorava
crianças, especialmente as dele, e falava sobre eles frequentemente na altura.
Podia parecer
estranho ele preferir escrever emails longos a atender o telefone e falar, mas
assim era o Chris, sempre um pouco estranho.
Ele usava um casaco
de cabedal longo e preto mesmo durante o Verão. Ele trincava constantemente as
palhinhas do café, com uma extra no ouvido á espera para ser mordida e uma
quantidade delas no bolso.
Ele era muito
intenso durante as conversas, chegando mesmo ao ponto de ser zangado.
“Como é que estás
Chris?” BEM…….TU?”
O Chris não tinha o mesmo sentido
de humor como muita gente e não se ria do óbvio. Uma vez quando estávamos numa
longa viagem com Chavo Guerrero, eu peguei numa cassete (lembram-se delas?) de
um show de comédia Canadiano chamado Brocket 99 que era uma transmissão de uma
rádio índia fictícia. Ao nascer perto das reservas Indo-Canadianos, costumava
achar a rotina hilariante. Ora o Chris também era das pradarias por isso eu
achava que ele também iria ter um bom momento. Estava enganado, e em vez de se
rebolar às gargalhadas como eu, ele ficou com uma cara petrificada durante todo
o show.
A sua falta
de reacção fez me questionar sobre o meu próprio sentido de humor. “Não
achaste engraçado? Se tu não gostas eu desligo” Ele respondeu calmamente “Não,
deixa continuar a dar. Eu acho que é hilariante. Eu estou a rir-me por dentro”
Eu acedi ao
seu pedido, mas ele continuava sem se rir. Nem uma risadinha ou uma risada
alta, ele nem sequer fez um “Ah-Ah”. No entanto quando alguém vomitava ou caia
pelas escadas abaixo ele ria-se às bandeiras despregadas durante horas a fio.
Nós continuamos o resto da viagem
em silencio, e quando chegamos ao hotel alguém estava a a dar uma festa umas
portas abaixo da nossa. O Chris pegou num caixote do lixo cheio de porcaria e
deitou lhe um pouco de gelo. Então ele baixou as calças e encheu o resto do
caixote com 100% urina de Wolverine Canadiano. Ele mandou o caixote contra a
porta e bateu furiosamente. Nós fugimos pelo “hall” como três adolescentes e
ouvimos os gritos de repugnância dos que estavam a festejar quando abriram a
porta. Então nós esgueiramo-nos para o nosso quarto, tentando mantermo-nos
calados, mas falhamos redondamente devido às risadinhas do Chris e assim fomos
denunciados.
Quando eles chamaram o Chris
disse numa voz assustadora de rapazinho, “Vocês não sabem como
festejar” e desligou rindo-se descontroladamente.
Em Fevereiro
de 2007, decidi levar o Ash a Edmonton para ele brincar com os primos na neve.
O meu primo Todd (irmão de Chad) morava no Sherwood Park, o mesmo subúrbio onde
Benoit costumava viver e onde dois dos seus filhos ainda vivem.
Eu não o via á mais de um ano por isso mandei-lhe uma mensagem, antes de ir
embora notificando-o que eu iria estar lá, com esperança que ele também
estivesse. Ele respondeu de imediato dizendo que devido a uma feliz
coincidência ele também estava no Sherwood Park até Sábado. Ash e eu partimos
na Sexta-Feira de tarde e combinamos um encontro mal aterrássemos. Eu
liguei-lhe quando chegamos, por volta das duas horas da tarde, ele não
respondeu mas disse lhe para me ligar quando pudesse. Eu não recebi nada dele
por isso mandei lhe uma mensagem às cinco e outra às sete e mais uma vez nada.
Eu estava a ficar chateado porque
estava quase na hora do Ash ir dormir e o Chris não o iria ver. Eu estava a
folhear o “Edmonton Sun” esperando pela sua chamada e vi a foto dele anunciando
a sua presença num jogo de “Indoor Lacrosse” essa noite, então eu calculei que
ele me ligaria no final do jogo, mas ele nunca o fez e fui para a cama.
Eu acordei ás 3.30 da manhã com
um “beep” do meu telemóvel a anunciar que tinha uma mensagem.
“Hey Chris, acabei de chegar da
minha presença, desculpa ter perdido a oportunidade de te ver. Espero ver te em
breve”
Mas quem é que
chega de uma aparição às 3.30 da manhã?
As suas
acções aborreceram-me de verdade. Eu já não o via á algum tempo e agora que
estávamos na mesma cidade, ele não fez um mínimo esforço para me ver a mim e ao
meu filho por uns míseros 20 minutos? Quão fraco foi?
Eu considerava o Chris como um irmão mas ser seu amigo nem sempre era fácil. Eu
tinha de equilibrar o bom com o mau no que toca a sua amizade.
Por mais
estranho que ele pudesse ser, ele continuava a ser a pessoa em quem eu mais
confiava no negócio e alguns meses depois de assistir ao Michaels vs Cena na
RAW, mandei lhe uma mensagem a perguntar lhe qual a sua opinião sobre um
eventual regresso.
Ele respondeu “Este negócio precisa
desesperadamente de ti, os fãs precisam desesperadamente de ti, eu preciso
desesperadamente de ti. Eu acho que deves voltar”.
Eu disse lhe que o tempo em que estive fora
tinha sido bom, mas que ao mesmo tempo estava pronto para regressar.
Ele respondeu de imediato “estou
ansioso para te ajudar a por em forma para o teu regresso”
Alguns dias depois recebi outra mensagem do Chris que dizia o seguinte
“Hey Chris, já faz um bom tempo. Só quis dar te um olá. Liga me quando
puderes”. Eu perguntei lhe quando é que poderia ligar lhe visto que ele estava
sempre ocupado e ele respondeu “Haha! Como tu me conheces bem. Ora o Daniel vai
para a cama às oito por isso liga-me a qualquer hora depois dessa”.
Eu liguei lhe todas as noites às 20h30 durante
uma semana e ele não atendia. Tentei mais algumas vezes até que ele ligou me
finalmente sexta á noite. Eu estava a brincar com o Ash por isso não deu para
atender. Ele deixara-me uma mensagem a dizer “Hey Chris, estou mesmo a precisar
de falar contigo. Espero que esteja tudo de bom. Liga me outra vez. Adeus”
Em retrospectiva eu queria mesmo saber de que é
que ele queria falar.
Nessa noite decidi ver o DVD do Brian Pillman
que a WWE tinha acabado de lançar. O Chris conhecia muito bem o Brian e quando
o acabei de ver mandei esta mensagem ao Chris, “Olha, acabei de assistir ao DVD
do Brian Pillman. É tão triste como muitos de nós partem tão cedo. É tão
triste. Eu ligo te amanhã. Ele não respondeu.
No Sábado, convidaram para uma secção de
autógrafos num pequeno show independente em Evansville, Indiana. Quando
cheguei, liguei para o Chris e não obtive resposta. Curiosamente, algumas horas
depois vi nas notícias que Biif Wellington tinha falecido. O Chris conhecia o
Biff muito bem da Stampede Wrestling onde ambos tinham começado e como tal
pensei que ele quisesse saber as notícias. Mandei então outra mensagem ao
Chris: “Não sei se sabes, mas o Biff Wellington morreu hoje”. Mais uma vez ele
não disse nada.
Sábado estive em mais uma secção de autógrafos
num ringue minúsculo num pavilhão de hóquei em patins em Martinsburg, West
Virginia e estava envergonhado por lá estar. Fiquei ainda pior quando vi Bobby
Eaton, um dos grandes lutadores da década de 80 que agora lutava em shows
fraquinhos como este. Era uma vida honesta e não tinha nada de mal nela, mas a
diferença é que ele não tinha outras opções, mas eu tinha. Eu estava preparado
para voltar para a WWE e assinar fotos num ringue de patinagem não era propriamente
o melhor sítio para estar.
Mesmo assim foi bom voltar a ver o Bobby e
tivemos uma grande conversa. Volta e meia eu perguntei lhe se ele tinha falado
com Benoit e ele disse me que já não o fazia á algum tempo. Quando Bobby estava
a entrar no ringue pensei mandar uma mensagem ao Chris a dizer que tinha visto
o Bobby mas decidi não o fazer, era muito auto-consciente deixa-lo saber o que
estava a fazer.
Chris não se teria preocupado, mas eu senti me
desapontado por ter descido tão baixo. Apesar de não o ver á tanto tempo ele
continuava a exercer uma grande influência sobre mim. Eu não queria que ele se
sentisse mal por tê-lo desiludido
Após a sessão de autógrafos, voltei ao hotel e fui á Internet ver os
resultados do dia, fiquei deveras surpreso quando descobri que o Chris não
tinha comparecido ao Pay Per View Vengeance em Houston. Era muito improvável
ele faltar a um show quanto mais a um PPV. Assumi que ele pudesse estar a ter
alguns problemas familiares e como tal não o quis aborrecer por isso desta vez
decidi não lhe mandar uma mensagem.
Voei para casa
na segunda-feira e fui para o ginásio com o Ash, deixando-o na zona das
crianças enquanto eu me exercitava. Mesmo antes de começar a treinar, recebi
uma mensagem do Brian Gerwitz a pedir para eu lhe ligar. “Tenho
notícias engraçadas para ti, algo que estarás interessado em ouvir. Responde-me
quando puderes”.
Uma hora mais tarde, eu acabei o meu treino e
após deixar o Ash na minha expedição, eu voltei a ligar ao Brian. Quando ele
atendeu, o seu tom de voz tinha mudado drasticamente. A boa disposição
demonstrada á uma hora atrás tinha sido substituída por um tom de pânico.
Eu senti-me oprimido por um péssimo sentido de
medo.“Então, deixa-te-me uma mensagem no voice mail. Que se passa?”
Brian mal
conseguia pronunciar as seguintes palavras “Oh isto é terrível. São as
piores notícias. Não sei como te dizer isto Chris”.
Não
percebendo do que diabos estava ele a falar eu voltei a perguntar lhe qual era
o problema. “Eu não quero dizer-te isto. Isto é horrível e não tenho
como o dizer”
Eu comecei a imaginar o que
poderia ser tão mau, de tal modo que ele não me poderia dizer. A primeira coisa
que me veio á cabeça era que Vince ia a um RAW e iria pura e simplesmente
enterrar-me. Eu tinha começado as negociações para um regresso á WWE e por
algum motivo fiquei chateado. Iria ele aparecer ao vivo para dizer que eu era
um pedaço de esterco que nunca iria, nunca mais trabalhar para ele?A meados do
meu pensamento o Brian largou a bomba.
“O Chris
está morto”
Chris morto? Que Chris? Chris Masters? Chris o
treinador? Chris o escritor?
“Que Chris?”“Chris Benoit.” Disse Brian, como um trovão caindo com estrondo..
O mundo congelou no momento em que me apercebi
do que ele tinha dito. Chris Benoit estava morto.
Será que eu
conhecia um Chris Benoit? O nome de facto era me familiar, alguém do liceu
talvez? Alguém com quem eu jogava hóquei?
O carro
atrás de mim começou a buzinar pois no entretanto a luz vermelha tinha ficado
verde, tirando me do meu assombro de volta para a realidade.
“Que queres
dizer com isso Brian?” “Ele está morto Chris. Peço desculpa”
Eu deixei sair um gemido de
agonia e eu podia ver a minha cara contorcer-se numa careta grotesca no espelho
retrovisor enquanto fazia as curvas a passo de caracol.
“O que aconteceu?” “O que aconteceu?” Parecia um disco riscado, mas eu
apenas conseguia dizer isso.
“Ninguém sabe o que aconteceu.
Mas ele está morto. Eles estão todos mortos”
Eles estão todos mortos? Do que
diabo estava ele a falar?“O que queres dizer com estão todos mortos? Quem é que
está morto?”
“A Nancy e o Daniel. Eles também estão mortos”
Estas palavras puseram me á beira
do abismo e eu tive de me puxar para cima.
“Brian, eu tenho de te ligar mais
tarde” murmurei
quando comecei a soluçar incontrolavelmente. Perdi as estribeiras como Benoit
tinha feito no funeral do Eddie. Eu estava a gemer e a minha respiração estava
descontrolada e eu tentei compor-me.
Ash, na pureza dos seus três
anos, comentou inocentemente na traseira do carro “Papá, tu tens um
choro engraçado”
Eu limpei os meus olhos e pus uma
cara de valentão pela saúde do meu filho, mas estava todo quebrado por dentro.
Não conseguia de parar de pensar no Chris e na família. Como podiam eles estar
mortos? Envenenamento por monóxido de carbono? Intoxicação alimentar? Teria
alguém os assassinado? Mas apesar de todas as possibilidades que estavam na
minha cabeça, eu tinha uma sensação de que algo muito pior tinha acontecido.
O meu pensamento era que Chris os
tinha morto.
Eu persegui o horrível pensamento
na minha cabeça e finalmente cheguei a casa. Não estava com disposição para
falar com ninguém, nem mesmo com a Jessica e especialmente com o John
Laurinatis que estava sempre a ligar para minha casa até que a minha mulher
disse que não queria falar com ninguém.
Ironicamente a RAW era para ser
um memorial a Vince McMahon que tinha “explodido” por um acidente de limusina
umas semanas antes. O escritório avisou a toda a gente para por roupas pretas e
o estúdio estava enfeitado com flores, um coro, um padre e um caixão no meio do
ringue.
Algumas personalidades famosas
iam fazer o elogio fúnebre, um deles Bruce Campbell, Ash da serie Evil Dead e a
inspiração para o nome do meu filho. Sabendo que eu era um grande fã seu,
talvez fosse esta a notícia engraçada que o Brian me queria dizer.
Então quando Vince chamou todo o
staff para informar que Chris estava morto, já estavam todos vestidos a
preceito.
Os planos para a RAW foram
cancelados e substituídos por um tributo a Chris Benoit, uma compilação dos
seus melhores combates (o que será provavelmente a última vez que ele irá
aparecer num show da WWE) juntamente com comentários sinceros dos seus
companheiros. Por entre as palavras queridas e palavras elogiosas houve um
comentário mais serio e ambíguo de William Regal que gelou-me o sangue.
Ele disse
que o Chris não era bem a pessoa que se pensava que era e que havia mais na sua
morte do que o que os olhos alcançavam. Eu pensei que Regal pensava o pior, tal
como eu.
Eu estava a
assistir ao show ao mesmo tempo que bebia Crown Royal directamente da garrafa,
prestando pouca atenção quando eles mostraram o nosso Ladder Match no Royal
Rumble, o que considero como um dos meus melhores combates de sempre. Durante o
combate Jim Ross mencionou” Chris Jericho chegou a sua casa em Tampa e está
abatido com as noticias da morte do seu grande amigo”.
Eu vi o resto do show em silêncio, tentando envolver a minha cabeça com o facto
de que nunca mais veria o meu grande amigo
Os planos para a RAW foram
cancelados e substituídos por um tributo a Chris Benoit, uma compilação dos
seus melhores combates (o que será provavelmente a última vez que ele irá
aparecer num show da WWE) juntamente com comentários sinceros dos seus
companheiros. Por entre as palavras queridas e palavras elogiosas houve um
comentário mais serio e ambíguo de William Regal que gelou-me o sangue.
Ele disse
que o Chris não era bem a pessoa que se pensava que era e que havia mais na sua
morte do que o que os olhos alcançavam. Eu pensei que Regal pensava o pior, tal
como eu.
Eu falei com
Dean Malenko depois do show para tentar obter algum sentido daquilo que
ocorreu. Ele disse me que ia haver um outro tributo no Smackdown! e perguntou
me se eu gostaria de voar até ao Texas para participar. Eu já tinha faltado ao
tributo ao Eddie e estava mesmo a pensar participar neste, quando começaram a
aparecer os rumores na Internet sobre o que realmente tinha acontecido aos
Benoits.
Eu decidi que
não iria á Smackdown! até que descobri mais informação e estava cada vez mais
convencido que de que algo muito mau tinha acontecido.
Eu passei as próximas horas a
vasculhar informações na Internet: websites de wrestling, websites de notícias,
fóruns de fãs, todo o sitio onde pudesse arranjar detalhes: não que eles fossem
difíceis de encontrar, visto que de dez em dez minutos aparecia sempre algo
novo a ser revelado.
A poucas
horas do tributo a verdade veio ao de cima: Chris Benoit assassinou a sua
mulher e filho e depois suicidou-se.
Quando obtive a confirmação, eu
liguei ao Vince. Era a primeira vez em dois anos que falava com ele e não
queria perder tempo com cumprimentos desnecessários, eu estava sem pachorra
para eles.
“Vince é o Jericho. Que diabos se passou?”
“Eu não sei Chris. Parece que o
Benoit não era o homem que aparentava ser. Ele enganou-nos a todos”.
Chris tinha a reputação de ser um
tipo honesto, decente e daqueles em aquilo que vês é aquilo que tens. As
pessoas confiavam nele e costumavam lhe pedir conselhos e respeitavam as suas
opções. Eu sei que já o fiz. Como é que ele pôde cometer tal blasfémia?
“Vince, se
isto é verdade, e se ele matou mesmo a sua família, em quem podemos confiar
verdadeiramente?”
Ele não me soube responder
Eu sei que já o disse e volto a
dizer – Chris adorava os seus filhos. Ele falava constantemente deles com um
brilho nos olhos e eu sei que ele ficou devastado quando se divorciou da
primeira mulher e ela ficou com os dois filhos. Ele mudou o seu calendário para
que pudesse viajar para Edmonton todos os meses e vê-los.
“Nunca te divorcies”- disse me ele. “É complicado
para os teus filhos e não vale a pena. A única forma de amor verdadeiro é o
amor dos teus filhos e eu lamento o que lhes provoquei”.
Foi este amor incondicional que
fez isto ser muito difícil de compreender o porquê de ele ter feito aquilo que
fez. Toda a gente numa relação sabe que a zanga pura que podes sentir pelo teu
outro pode ficar fora de controlo. Toda a gente sabe como é sentir-se
totalmente deprimido e como muitos podem considerar a forma mais fácil de sair
desta situação matar-se.
Mas quem é que
mata o próprio filho?
Ainda me dá arrepios e horroriza-me sequer pensar nisso. Como pôde ele fazê-lo?
Estava ele possuído? Maluco? Foi tudo um acidente horrível ou tudo um plano
premeditado? Será que alguma vez iremos saber?
Voltei para
a internet para procurar qualquer teoria que me ajudasse a explicar ou
racionalizar o que ele tinha feito. Chris era viciado em café por isso tratei
de me informar sobre os malefícios do mesmo e descobri que tomado em elevadas
quantidades pode provocar delírios, psicose, e até mesmo comportamento
violento. Isto tinha de estar certo, verdade? Era culpa da cafeína.
Outros
relatórios diziam que o seu filho Daniel tinha uma síndrome de fragilidade X.
Eu procurei sobre essa doença, e os sintomas coincidiam com os de Daniel (ou
melhor, convenci a minha alma partida do que lhe tinham feito). Talvez Chris
teve uma luta terrível com Nancy e depois o inevitável aconteceu, ele pensou
que ninguém conseguia tomar conta de Daniel devido á sua condição e acabou com
a sua vida como uma morte de misericórdia? Isto tinha de estar certo, verdade?
Era a Síndrome do X frágil.
Aparentemente
o Daniel não tinha a síndrome X, mas na altura fazia sentido porque eu estava a
apanhar o que me vinha á cabeça.
Eu passei
grande parte da noite no chão do quarto do Ash, a vê-lo dormir, ouvi-lo
respirar, querer estar próximo dele. Sentei me então ao escuro e pus me a
navegar na internet, procurando detalhes mínimos e a contactar os que eram
próximos ao Chris. Eu falei com os seus parceiros de viagem, Travis Tomko e
Chavo Guerrero. Falei com William Regal e Dave Penzer vizinhos dele em
Peachtree City, Georgia. Duas coisas tornaram-se evidentes mal acabei de falar
com eles.
Ninguém
conseguia explicar ou entender o que se tinha passado, mas toda a gente
concordara em dois pontos: 1) Chris era um individuo com problemas negros que
estava a acumular alguns problemas sérios e 2) ele raramente dizia o que estava
a sentir por dentro.
Eu acho que era por isso que ele era um lutador tremendo. Ele descarregava as
frustrações e a insegurança no ringue nos seus adversários e durante os
treinos. Ele tinha acabado de se tornar numa maquina cujo único objectivo era
ter o melhor combate e o corpo mais musculado,
Mas o que o causou para chegar tão baixo? Porque é que ele ficou maluco e
cometeu tamanha atrocidade? Seriam esteróides? Nem pensar – tal acto hediondo
era devido a algo mais profundo que raiva provocada por esteróides. Isto não é
o mesmo que dar um soco a alguém depois de nos porem a sangrar na berma da
estrada.
Aqui estávamos a lidar com um individuo perturbado e que estava a aguentar com
diversos problemas mentais.
Foram comprimidos ou álcool? Efeitos secundários de
muitas concussões? Pessoalmente eu acho que foi a combinação de várias coisas
que o levaram a perder o controlo - um cocktail mortal de esteróides,
comprimidos, e abuso de cafeína, combinada com paranóia, depressão, golpes
repetidos na cabeça, e o facto de ele manter apenas para si as emoções e os
seus sentimentos. Tinha de ser isto, certo? Foi uma combinação de todas estas
coisas
Outro factor que o poderia ter posto fora de controlo foi o elevado número de perdas pessoais que ele sofrera nos últimos anos. A 22 de Setembro de 2004, o dia em que The Big Bossman, Ray Traylor morreu, Chris ligou-me a chorar.
"Não aguento mais Chris. Não suporto que os meus amigos morram" disse ele "Isto não devia de ser assim! Não aguento ver os meus amigos a deixarem me"
Entre as mortes de Bossman e outros amigos próximos como Owen Hart, Brian Pillman, e Davey Boy Smith, Chris tinha sofrido muitas mortes em tão pouco tempo o que o levou até ao limite.
Mas isto piorou quando ele perdeu três dos seus melhores amigos em apenas três meses. Eddie morreu em Novembro de 2005, seguido do seu confidente Johnny Grunge em Janeiro de 2006. E por fim o seu treinador no Japão, Black Cat Victor Mar morreu um mês depois. Chris nunca foi o mesmo depois disso.
Na vida, Chris e Eddie não podiam ser mais parecidos.
Ambos cresceram a adorar wrestling e aprenderam o “negócio” em todo o mundo e acabariam por se tornarem em dois dos melhores performers na história deste desporto. Eram reverenciados como grandes pessoas, grandes pais e líderes de balneário que tinham o respeito do pessoal.
Mas na morte, eles não poderiam ser mais diferentes.
Eddie morreu como um herói, um viciado em droga reformado com um coração de campeão que partiu cedo demais. Sempre que o seu nome é mencionado as pessoas sorriem e lembram se do grande homem que ele era e nada mais. Mas o seu legado não nos deixou pois era um grande homem de família. Os seus combates foram gloriados pela WWE para serem vistos nos anos que se avizinham e o seu nome é idolatrado neste desporto.
Mas há o outro lado da moeda.
Outro factor que o poderia ter posto fora de controlo foi o elevado número de perdas pessoais que ele sofrera nos últimos anos. A 22 de Setembro de 2004, o dia em que The Big Bossman, Ray Traylor morreu, Chris ligou-me a chorar.
"Não aguento mais Chris. Não suporto que os meus amigos morram" disse ele "Isto não devia de ser assim! Não aguento ver os meus amigos a deixarem me"
Entre as mortes de Bossman e outros amigos próximos como Owen Hart, Brian Pillman, e Davey Boy Smith, Chris tinha sofrido muitas mortes em tão pouco tempo o que o levou até ao limite.
Mas isto piorou quando ele perdeu três dos seus melhores amigos em apenas três meses. Eddie morreu em Novembro de 2005, seguido do seu confidente Johnny Grunge em Janeiro de 2006. E por fim o seu treinador no Japão, Black Cat Victor Mar morreu um mês depois. Chris nunca foi o mesmo depois disso.
Na vida, Chris e Eddie não podiam ser mais parecidos.
Ambos cresceram a adorar wrestling e aprenderam o “negócio” em todo o mundo e acabariam por se tornarem em dois dos melhores performers na história deste desporto. Eram reverenciados como grandes pessoas, grandes pais e líderes de balneário que tinham o respeito do pessoal.
Mas na morte, eles não poderiam ser mais diferentes.
Eddie morreu como um herói, um viciado em droga reformado com um coração de campeão que partiu cedo demais. Sempre que o seu nome é mencionado as pessoas sorriem e lembram se do grande homem que ele era e nada mais. Mas o seu legado não nos deixou pois era um grande homem de família. Os seus combates foram gloriados pela WWE para serem vistos nos anos que se avizinham e o seu nome é idolatrado neste desporto.
Mas há o outro lado da moeda.
Benoit, morreu como um assassino, um psicopata maluco que
matou a sua mulher e o seu filho de sete anos antes de cobardemente se
suicidar. Sempre que o seu nome é mencionado as pessoas calam-se e pensam nas
atrocidades que ele fez no seu último dia de vida e nada mais. O seu legado vai
viver para sempre como aquele monstro demente que executou a sua família. Os
seus combates clássicos foram “enterrados” pela WWE, nunca mais serão lá vistos
e o seu nome é tabu na empresa, para nunca, nunca mais ser dito.
O triplo homicídio era falado em todo Mundo e toda a gente
procurava uma resposta para uma coisa destas ter acontecido. Os media estavam
num vendaval à procura de tudo sobre Benoit e sobre wrestling. O governo
juntar-se-ia logo depois ao abrir inquéritos e investigações sobre toda a
indústria numa tentativa de a derrubar.
Pouco tempo depois era ver aqueles que tentaram ser, os que
nunca foram e os wannabe wrestlers procurar os seus cinco minutos de fama na tv
nacional ao falarem como que se fossem uma autoridade sobre o negócio.
Rotulados como “ experts” esses charlatões para mim eram encorajados a deram a
sua opinião contudo nada sabiam do que falavam. Eu via-os a vir da penumbra e
na sua vasta maioria o que vi foi pessoas a querer se vangloriar mais a eles
próprios do que discutir o que verdadeiramente aconteceu.
Uns atrás doutros, eles passavam o meu ecrã: Marc Mero,
Brian Christopher, Ultimate Warrior, Chyna, Billy Graham, Jacques Rougeau,
Debra Marshall, cada um mais estúpido e irrelevante que o anterior. Bill
O’Reilly and Geraldo começaram uma campanha anti-wrestling, onde falavam todas
as barbaridades que lhe vinham à cabeça, isto sem os produtores terem feito
qualquer investigação.
A maioria das pessoas que assistia nada sabia sobre
wrestling e assumia que a tragédia aconteceu devido a esteroides uso de drogas
e condições desumanas, ou seja um chorrilho de mentiras. Eu estava aborrecido e
já não suportava ouvir mais aquilo. Após ter recusado algumas entrevistas,
decide que era tempo de quebrar o meu silêncio. Era tempo de dizer ao público
quem na verdade era Chris Benoit. Eu sentia que devia isso a ele e aos seus
filhos ainda vivos e explicar que existe um outro lado da pessoa.
Eles viam-no como o assassino psicopata e sinistro. Eu sabia
que ele era um bom pai, um bom marido, um grande irmão, um mentor, confidente e
acima de tudo um dos meus melhores amigos. Eu precisava dizer isso às pessoas.
Eu precisa de um conselho, por isso telefonei ao meu pai que me disse que eu
devia fazer isso pelo Chris “ Tu deves isso a ele e dizer ao mundo o tipo de
pessoa que realmente ele era”. Assim eu telefonei também ao Vince para lhe
pedir a sua opinião. Indo ou não voltar a trabalhar para ele, eu precisava do
seu conselho como patrão e como amigo.
“Eu penso que é uma boa ideia Chris, tu és a pessoa perfeita
para o fazer. És esperto, sabes falar e conhecias o Benoit e negócio muito bem”
Com a bênção de ambos, eu concordei em fazer somente três shows, Nancy Grace,
Greta Van Susteren e Larry King. Somente quis estar nos grandes shows e sabendo
que os seus apresentadores não têm algo por detrás deles. Não tinha qualquer
problema em responder a perguntas difíceis, mas não queria lidar com
apresentadores que iria-me cercar e tentar me crucificar de inicio a fim.
Larry King
sobre Chris Benoit
Recusei estar em shows onde aparecessem antigos lutadores.
Eu não estava lá para debater com ninguém. Eu estava lá para contar o meu lado
da história. Eu não estava interessando em argumentar com um antigo empregado
da WWE, que tinha qualquer plano de vingança contra os McMahons ou o negocio.
Os shows correram bem e acho que fiz um bom trabalho ao
mostrar o outro lado do Chris ao demonstrar que nem todos os wrestler eram
palhaços. Expliquei convenientemente o bom pai que era e a influência
tremendamente positiva que foi para todos que o conheceram no negócio. Eu disse
tanto à Grace como ao King que eu confiava no Chris de tal forma que deixaria
os meus filhos com ele sem quais reservas. Eu fiz tudo que estava ao meu
alcance para tentar humanizar o monstro e provar que ele tinha amigos que
gostavam e confiavam nele.
Depois da tragédia falei com o Pai do Chris algumas vezes e
ele convenceu me a falar com o outro filho deste, David. Eu conhecia David
desde os seus quatro anos e sempre tive uma ideia sobre o quanto ele gostava de
Wrestling. Chris e eu adorávamos estar a observa-lo completamente submerso num
combate, apoiando os bons e assobiando os maus. Eu senti que lhe devia uma
chamada, e ao fim de alguns dias, finalmente ganhei a coragem de lhe telefonar.
Antes de ele atender, pensei “Como posso dizer a um rapaz de catorze anos que o
pai dele tinha assassinado o seu meio-irmão a sua madrasta e que depois se suicidara?”
Quando David atendeu o telefone era óbvio que ainda estava
em choque. Ele não tinha muito para dizer e eu disse a maior parte das coisas.
Eu perguntei lhe como e que ele estava e o que estava a fazer, mas as suas
respostas eram curtas e estoicas.
Eu eventualmente trouxe o assunto do pai dele dizendo “Eu
queria que soubesses que independentemente do que ele fez no fim da sua vida,
para quase toda a gente o teu pai era um homem bom. Por favor não deixes esta
tragédia perseguir a tua vida. Isto pode levar por caminhos negros. Tens te
superiorizar.”
Eu fiz o máximo para o confortar, mas as minhas palavras
pareciam ocas. Parecia o policia que me falou sobre ter morto Danny após o
acidente da minha mãe dezassete anos antes e eu questionava-me se esse tipo
sentia-se tão idiota como eu estava a sentir me naquele momento.
Quando eu terminei David respondeu me com uma pergunta
“Posso continuar a ir aos combates de wrestling?”
Partiu me completamente o coração pensar que a vida do David
fosse o seu pai e Wrestling e que numa noite ele perdeu os dois. Honestamente
essa é a razão pela qual eu não perdoo o Chris pelo que ele fez. Por mais
horrível que tenha sido ele ter morto Daniel, ainda foi pior ele ter posto
David e a sua filha Megan a viver com estes crimes impensáveis para o resto das
suas vidas.
Benoit nunca defendera o que tinha feito e vivia com o lema
de “não perguntes não digo”. Sempre que lhe perguntava algo que ele não queria
responder ele dizia sempre “não faças perguntas que não te direi mentiras”. Ele
era assim. Ele sentia que não precisava de se explicar pelas escolhas que
fazia. Mas é uma vergonha ele sentir-se da mesma forma relativamente aos filhos
que tinha deixado.
Aqui está. Alguns anos depois e ninguém sabe o que aconteceu
dia 23 de Junho de 2007. Se estás a procura de mais informação sobre este dia
(ou noite) inexplicável precisas de ler outro livro porque essas informações
são irrelevantes para a minha história e não os vais encontrar aqui.
O que é relevante é que irei sempre lembrar me do homem que
foi a minha grande influencia no wrestling, e alguém que irei sempre adorar o
querido, engraçado, excitante, apoiante, nivelado, educado e humilde homem, em
quem eu confiei mais do que ninguém neste negocio. Mas irei sempre desprezar o
homem que assassinou a sua família e estragou o seu legado nos seus últimos
dias de vida.
Só Deus sabe o que Chris fez. O meu pastor Chris Bonham
disse “Se alguém é possuído por um demônio não os julgues ou guardes rancor
pelos atos horríveis que cometeu”eu espero que isto seja verdade porque um
Chris Benoit possuído por um demônio que o levou a cometer atos hediondos faz
mais sentido do que as outras teorias ridículas que ouvi. Ninguém mais poderá
explicar como é que um coração puro como ele teria feito o que ele fez.
Tal como tudo na vida, mal ocorreu a próxima tragédia (um
desabamento de uma mina em Virgínia) os media esqueceram-se de Chris Benoit e
as investigações do governo no wrestling rapidamente acabaram. Não muito tempo
depois a WWE apagou Chris da sua história para sempre – eu não os culpo, ele
quase que deitou abaixo toda a companhia.
Mas eu não o consigo apagar da minha memoria e as ações dele continuarão a assombrar me para o resto da minha vida
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